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Saiba usar corretamente o pronome relativo “cujo”

Você vai ver que o uso correto do pronome relativo cujo não é difícil. Mesmo assim, essa é uma palavra na Língua Portuguesa que é usualmente utilizada de forma equivocada. Antes de começarmos, vejamos o que significa ser um pronome relativo.

 

Algumas considerações sobre os Pronomes Relativos

Para começo de conversa, o pronome é uma palavra que em determinadas situações substitui ou faz referência a um nome. No caso dos pronomes relativos, eles são utilizados quando fazemos referência a um outro nome ou pronome anteriormente citado. Eles podem ser precedidos ou não de preposição. Os pronomes relativos podem ser: que, quando, quanto, quem, onde, comocujo, o qual. Eles se configuram em variáveis ou invariáveis: 

 

Vejamos alguns exemplos:

 

Outro exemplo:

 

Um exemplo com onde:

 

Vejamos outros exemplos: 

Os temas sobre os quais falamos são bastante complexos. 

Comprou tudo quanto tinha vontade.

Não gosto da forma como ele fala com seus funcionários. 

 

Os diferentes usos de “cujo”

Bom, o mesmo acontece com o cujo. A questão principal no uso do cujo é que ele sempre indicará posse. Suas flexões são: cujo, cuja, cujos, cujas e eles são equivalentes a do qual (e flexões) ou de quem. O cujo (e suas flexões) estabelece, portanto, uma relação de possessão entre o elemento que foi citado e o que vem em seguida. Observe:

Aquele é o homem cujo carro ficou estacionado em local proibido.  

Gabriel García Márquez, cujos livros são quase todos premiados, nasceu em 1927 e morreu aos 87 anos.

 

Nos exemplos anteriores, coloquei os elementos destacados por cores. Em roxo, quem possui; em verde, o que é possuído; em vermelho, o cujo. Vejamos outros exemplos:

 

O ministro, cujo trabalho está sendo analisado pela CPI, pode sofrer penalidades previstas na lei.

A pesquisadora, cujos trabalhos científicos são respeitados mundialmente, foi ouvida ontem pelos senadores da CPI.

 

Hauy (2014, pp. 718-719) indica também que quando um verbo ou um nome exige uma preposição, ela pode anteceder o cujo e suas flexões. Entretanto, o pronome cujo nunca é seguido de artigo. Vejamos alguns exemplos: 

 

Estava estudando Lacan, para cujo entendimento era necessário também ler Freud. 

(para cujo entendimento refere-se a para o entendimento de Lacan) 

 

No Código Civil (exemplo de Hauy): 

 

O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa empenhada. 

(em cuja posse refere-se a na posse de quem)

 

Outros exemplos:

 

Este é o homem em cujo trabalho confio de olhos fechados.

Esta é a terra cujo o herói é Hércules. (errado)

Esta é a terra cujo herói é Hércules. (correto)

 

Hauy (2014) também indica alguns  usos equivocados do cujo. Vejamos seus exemplos: 

 

Esses políticos cujas as ações desabonamos foram cassados. 

Esses políticos as cujas ações desabonamos foram cassados.

 

De acordo com a norma culta: 

 

Esses políticos, cujas ações desabonamos, foram cassados. 

 

Em conclusão, observe que os pronomes relativos podem ser responsáveis por parte da fluidez da fala ou do texto escrito. Entretanto, seu uso equivocado (ou até em excesso) pode comprometer a compreensão do texto.  

 

Escrito por:


Vinícius Cabral
Formado em Letras e Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Londrina.
@teachervinicabral

 

 

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