Por mais informal que o ambiente da internet possa parecer, escrever de acordo com as normas ortográficas e gramaticais é o mínimo que se espera de um bom redator, não importa o tema do texto. E a gramática da língua portuguesa tem várias situações que parecem pequenas armadilhas para o escritor.

Se para escrever com coerência e coesão textual, a prática de leitura é fundamental, para acertar na ortografia é preciso, muitas vezes, pesquisar e pesquisar de novo a mesma coisa, pois algumas regrinhas podem ser bem confusas às vezes. É o caso das 4 maneiras de grafar o porquê, ou de decidir se coloca ou não a crase no a.

Essas regras podem até parecer óbvias num primeiro momento, afinal, todos sabemos falar português, mas sabemos também que quando se trata de escrever, a coisa não é assim tão simples, não é mesmo?

Mesmo tendo conhecimento da estrutura da nossa língua, é no momento de escrever que somos pegos de surpresa por aquela dúvida: ‘será que é assim mesmo que se escreve?”. Isso é normal e acontece nas melhores redações. O importante é, sempre que não tiver certeza,  pesquisar. Erros dessa natureza cometidos por redatores não costumam ser perdoados por empresas.

É por isso que o Meu Redator decidiu criar uma seção de posts cujo objetivo é auxiliar o redator a sanar dúvidas básicas sobre as principais regras ortográficas e gramaticais da língua portuguesa. Garanta a qualidade ortográfica do seu texto conferindo, sempre que necessário, nossos posts com dicas rápidas e diretas. Boa escrita!

 

Crase: usar ou não usar? Eis a questão!

Usar ou não usar a crase é uma dúvida que acomete muita gente na hora da escrita. Para ajudar, vamos a algumas regrinhas básicas:

a com acento grave (também conhecido como a craseado ou à) é uma preposição, e um teste simples para saber quando usá-la e que funciona na maioria dos casos é tentar substitui-lo por para a ou em a/na. Se a substituição mantiver o mesmo sentido da frase, então deve-se usar à:

Fui à loja de eletrônicos.

Fui para a loja de eletrônicos.

A empresa esteve à beira da falência

A empresa esteve na beira da falência.

Como você pode perceber, o à sempre combina em gênero com a palavra que a sucede, ou, dito de maneira mais simples, o à sempre vem antes de palavras no feminino. Mas é importante notar que ele também deve combinar em número (singular x plural).

Fui à loja de eletrônicos.

Fui às lojas de eletrônicos.

Quando não houver a combinação em número, não se deve usar a crase:

A pauta é destinada a mulheres que não são casadas.

Outro uso importante da crase é nos casos em que o à substitui a expressão à la ou à moda de:

Pedimos pizza à moda da casa

Ele escreve Haikai à Paulo Leminski

à moda de Paulo Leminski

Nós saímos da festa à francesa

à moda francesa

E com pronomes demonstrativos, uso ou não uso?

A resposta é: depende!

Usamos o acento grave no a inicial do pronome demonstrativo aquele(s), aquela(s) ou aquilo sempre que houver, junto, a preposição a:

Ela foi àquele bar outra vez.

Ela foi a aquele bar outra vez

Eu disse àquela senhora o que ela precisava ouvir.

Eu disse a aquela senhora o que ela precisava ouvir.

Seus óculos são iguais àqueles que vi na loja.

Seus óculos são iguais a aqueles que vi na loja.

Já antes de pronomes possessivos, o uso da crase antes de é facultativo, ou seja, pode ser usado ou não, e está correto de qualquer forma:

Estou a sua disposição

Estou à sua disposição

Ele foi a minha casa

Ele foi à minha casa

Agora, você NÃO deve usar a crase nos seguintes casos:

Antes de palavra masculina: Viajo a lazer.

Antes de artigo indefinido: Ele foi a uma festa

Antes de verbo: Estou disposta a contar tudo.

Antes de expressão de tratamento: Aguardo seu retorno para informar a Vossa Senhoria.

Antes de pronomes pessoais, indefinidos ou demonstrativos: Não dei nenhuma informação a ela, não disse nada a qualquer pessoa e, definitivamente, não revelei seu segredo a esta senhora.

Quando não há concordância em número: Eu me refiro a casas de alvenaria.

Quando o a for antecedido por preposição: Eles estão indo para a capital.

 

São muitas regrinhas, não é mesmo? Então pesquise o quanto for necessário, mas redator, por favor, não erre no uso da crase!
Bons textos!

 

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Escrito por:

PerfilMare01p Crase: usar ou não usar? Eis a questão!
Maria Helena Favaro

Mestre em Linguística Aplicada pela UFSC e doutoranda em Análise do Discurso pela UNISUL. Apoiadora do Meu Redator e escritora nas horas vagas.