Por mais informal que o ambiente da internet possa parecer, escrever de acordo com as normas ortográficas e gramaticais é o mínimo que se espera de um bom redator, não importa o tema do texto. E a gramática da língua portuguesa tem várias situações que parecem pequenas armadilhas para o escritor.
Se para escrever com coerência e coesão textual, a prática de leitura é fundamental, para acertar na ortografia é preciso, muitas vezes, pesquisar e pesquisar de novo a mesma coisa, pois algumas regrinhas podem ser bem confusas às vezes. É o caso das 4 maneiras de grafar o porquê, ou de decidir se coloca ou não a crase no a.
Essas regras podem até parecer óbvias num primeiro momento, afinal, todos sabemos falar português, mas sabemos também que quando se trata de escrever, a coisa não é assim tão simples, não é mesmo?
Mesmo tendo conhecimento da estrutura da nossa língua, é no momento de escrever que somos pegos de surpresa por aquela dúvida: ‘será que é assim mesmo que se escreve?”. Isso é normal e acontece nas melhores redações. O importante é, sempre que não tiver certeza, pesquisar. Erros dessa natureza cometidos por redatores não costumam ser perdoados por empresas.
É por isso que o Meu Redator decidiu criar uma seção de posts cujo objetivo é auxiliar o redator a sanar dúvidas básicas sobre as principais regras ortográficas e gramaticais da língua portuguesa. Garanta a qualidade ortográfica do seu texto conferindo, sempre que necessário, nossos posts com dicas rápidas e diretas. Boa escrita!
Porque, porquê, por quê ou por que: qual usar?
Muita gente reclama do fato de termos que lidar com nem um, nem dois, nem três, mas quatro, isso mesmo, QUATRO maneiras diferentes de grafar o porquê: Por que / Por quê / Porque / Porquê.
Mas enquanto reclamação não muda regras, vamos engolir o choro e aprender a grafá-los corretamente, de acordo com cada situação.
“POR QUE” separado, sem acento
Em uma pergunta, o “por que” separado e sem acento possui o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”. É comumente usado em início de frases interrogativas, mas nem sempre. Às vezes, é possível encontrá-lo ligando orações. Nessas situações, o ‘por que’ pode ser substituído por ‘pelo/a qual’:
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Por que você não vai à praia?
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Por que ainda está aqui?
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A razão por que não vou à praia é a chuva que está prestes a cair.
“PORQUE” junto, sem acento
O “porque” junto e sem acento deve ser usado quando se objetiva dar uma explicação (com o sentido de ‘pois’), expressar uma finalidade (com o sentido de ‘para que’) ou até mesmo indicar uma causa (com o sentido de ‘já que’).
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Eu não vou à praia porque estou doente.
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Aguardo que faças silêncio porque possa estudar.
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Porque não vou à praia, aproveito para estudar.
“POR QUÊ” separado, com acento.
Antecedido de alguma pausa da escrita, o “por quê” separado com acento deve ser utilizado em final de frases, seguido de pontuações, tais como interrogação ou ponto final (a mesma regra se aplica ao substantivo ‘quê’).
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Você não vai à praia por quê?
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Ainda está aqui por quê?
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Está fazendo o quê?
“PORQUÊ” junto, com acento
O “porquê” junto e com acento muitas vezes sucede a um artigo, pronome ou numeral, e por isso adquire a função de substantivo. Expressa o motivo ou a razão de algum acontecimento.
- Não consigo entender o porquê disso tudo.
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Me dê apenas um porquê e ficarei satisfeita.
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Esses seus porquês estão me deixando louca.
Tá vendo como escrever é simples, mas nem tanto? Se você ainda precisa de ajuda com criação de textos, conte com os profissionais do Meu Redator.
Escrito por:
Maria Helena Favaro
Mestre em Linguística Aplicada pela UFSC e doutoranda em Análise do Discurso pela UNISUL. Apoiadora do Meu Redator e escritora nas horas vagas.